quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos - Capítulo 2 (Tato Fischer) - Por Luiz Domingues

Nesse show, realizado em uma concha acústica ao ar livre, na cidade de Cubatão, litoral de São Paulo, eu toquei também. Em uma Era pré-"Vans", o transporte típico desse tipo de produção, era a valorosa Kombi. E assim descemos a serra, no início da tarde, para chegar rapidamente à cidade de Cubatão.
Naquela época (e ainda por um bom tempo no futuro), Cubatão ostentava o vergonhoso título de cidade mais poluída do Brasil, por conta da presença das refinarias da Petrobrás, Cosipa, e outras indústrias poluidoras. De fato, o ar era pesado e a fuligem formava uma névoa cinza, praticamente. Fizemos um breve lanche em um bar, e dirigimo-nos então à Concha Acústica, onde seria realizado o show. 
Na verdade, eu já sabia todas as músicas, mas seria a despedida do baixista, Jonas Marins, e como o show foi dividido em duas partes, com um intervalo de dez minutos aproximadamente, havia um descanso. O convite surgiu naturalmente, para tocar em Cubatão. O Tato queria que eu entrosasse-me com a banda, e naturalmente queria testar-me, antes da temporada em teatros iniciar-se.
Sim, o baixista Jonas Marins sabia que eu tocaria no intervalo e que aquele seria o seu último show. A saída dele foi amistosa, e a minha participação nesse show de Cubatão foi encarada por ele, com muita naturalidade. A expectativa de minha parte foi ótima. Eu vinha de uma rotina de shows amadorísticos, seja com o Boca do Céu, seja com o embrião do que tornar-se-ia o Língua de Trapo, a seguir. Estava acostumado a tocar em condições precárias, a não ser em festivais sazonais, e sob uma estrutura melhor.


Agora, a perspectiva seria para tocar em temporadas em teatro, com P.A; iluminação; soundcheck exclusivo, divulgação... parecia um sonho para um jovem aspirante a artista / músico que eu era na ocasião...

Um esboço de música instrumental surgiu nesse improviso que fizemos no intervalo do show de Cubatão. Depois, no decorrer da turnê pelos Teatros, ela desenvolveu-se e foi arranjada definitivamente.


O Sérgio Henriques tocava muito bem. Era muito bom na pilotagem de teclados clássicos, como o piano tradicional; Fender Rhodes e órgão Farfisa nos shows do Tato.
Sentia-me a tocar no !Emerson, Lake & Palmer", com ele, Sérgio e Cido Trindade... (claro, pela minha animação, e não pelo som que fazíamos).
O Sérgio tinha uma formação em Prog Rock, bem sólida. 

Falarei mais sobre ele neste capítulo, e também bastante no do "Terra no Asfalto" (banda cover em que tocamos logo após a nossa saída da banda de apoio do Tato, e que tem capítulos exclusivos a seguir).

Mas com a minha entrada, resolvemos oficializar a música instrumental acima citada, para que a banda pudesse ter um momento exclusivo no show, enquanto o Tato trocava de roupa no camarim, visto que a entrada do segundo ato, seria "triunfal", mas faço questão de contar isso posteriormente na narrativa.
E nessa música que criamos, a inspiração foi o Prog Rock setentista. 

Ela recebeu o apelido carinhoso de : "Genesis", porque lembrava vagamente o estilo da banda britânica, e apreciávamos muito tocá-la.

Dessa forma, ao final do primeiro ato desse show em Cubatão, o Tato chamou-me ao palco, e nós tocamos esse tema, sob total improviso, e este improviso foi muito aplaudido, apesar de não ser um público rocker, ali presente, mas muito pelo contrário, bem popular e certamente a nutrir outras expectativas. Havia cerca de 600 pessoas a assistir-nos. Quebrado esse impacto inicial, senti-me apto para tocar com segurança nos shows, e os demais igualmente estavam seguros comigo no baixo.

Eufórico fiquei, porque estava agendada uma série de shows em mini temporadas por teatros de bairro, pertencentes à prefeitura de São Paulo. Nossa primeira mini temporada foi iniciada no dia 6 de novembro de 1979, no Teatro Martins Pena, no centro do bairro da Penha, zona leste de São Paulo.
Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário