quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Psicologia da Excelência - Por Marcelino Rodriguez

O que produz a excelência? 

Há cerca de dois meses, pouco antes que Ingrid Betancourt fosse libertada, eu lia seu diário da selva. Numa de suas muitas reflexões ela dizia aos filhos "O objetivo da vida é crescer para ajudar os outros".

Eis ai um ponto de partida para se compreender a excelência: crescer para ajudar. Aqueles que atingiram patamares altos de evolução na história humana tiveram em suas biografias "o esforço para o bem dos outros"

Então poderíamos ter em mente que os líderes, aqueles que apontam caminhos, aqueles que são exemplos, são apenas aqueles que fazem o máximo de esforço para expressarem o que há de mais alto em suas naturezas.

Estou convencido por mim que o objetivo da vida é que tenhamos a maior proximidade possível com o criador. Que tenhamos no dia a dia o "senso permanente do sagrado".

Falar bem. Pensar bem. Agir bem.

A certeza diária que a vida é um trabalho e que devemos expressar nossa alma com essa consciência de que, embora estejamos passando, não estamos passando em vão ; a psicologia da excelência também inclui a oração como disciplina, pois a graça e a misericórdia de Deus nos salva mais rápido que nosso esforço ainda.
Enfim, o líder é aquele que toma sua cruz, sua flor e sua espada todos os dias, sem delegar responsabilidades. Podemos dizer que o ser humano que busca expressar sua excelência está comprometido com Deus e o universo.


Marcelino Rodriguez é colunista esporádico do Blog Luiz Domingues 2. Escritor consagrado e com vasta obra publicada, mergulha neste artigo, numa reflexão profunda sobre o sentido individual de aprimoramento, onde por extensão, obtém-se o bem estar coletivo. Trocando em miúdos : Essa á visão holística do III Milênio...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 14 - Por Luiz Domingues


Uma das melhores lembranças de 1977, sem dúvida (ainda a falar do show do Genesis...) Considerávamos todos os shows como um curso universitário para as nossas pretensões... observávamos cada detalhe, da organização do show à performance da banda. Ficávamos atentos ao som; a movimentação dos técnicos; luz; cenário; equipamento, efeitos... conversávamos o tempo todo sobre cada detalhe e constantemente o Laert emitia um boletim manuscrito, que líamos com atenção. Nele, escrevia minuciosamente todos os aspectos relativos à produção da banda. Esse boletim agradava-me muito, pois eu pensava igual à ele nesse aspecto. Sou adepto da organização; método, e foco no trabalho, com planejamento.


E através desses boletins, organizávamo-nos da melhor maneira possível, mas claro, dentro de nossas limitações.

Continua...

domingo, 26 de agosto de 2012

Incorpóreo - Por Julio Revoredo

Coágulo, ângulo nulo

Antevisão, precisão, rumo

Cedo, seco, sumo

Deambulo do fio ao plumo.

Vago, fraco, adumbro

A cítara tange, arde o mundo.

Tem os olhos,vagos plainos

De costas, aos desenganos.

O Sol opõem-se à sede

Donde supõem-se, a rede

E como um salto, solto, alto

Miragem, laivo que desprende
Impressão celere, que surpreende

Poesia marginal, que ascende

O ser estranho na vida

Aquele que foi e foi-se, alentese.

(A chacal)

Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. Poeta e letrista de diversas músicas que compusemos em parceria, em três bandas pelas quais eu atuei: A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço.  Aqui, ele faz uma representação da poesia marginal.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos - Capítulo 3 (Tato Fischer) - Por Luiz Domingues



E finalmente chegou o dia da estreia...
Tocaríamos cinco dias no Teatro Martins Pena, no bairro da Penha, zona leste de São Paulo. Esse teatro é mais um dos teatros municipais que a prefeitura de São Paulo possui, espalhados por vários bairros da cidade, e muito aconchegante. Fica localizado no centro do bairro, que mais parece uma cidade do interior com suas ruas estreitas, e com o comércio mais contundente, a deixar os outros recantos do bairro para as áreas mais residenciais. O Tato tinha prestígio no meio teatral, por isso, a usar os seus contatos, havia providenciado patrocínio para uma pequena divulgação. 
Nesse caso, tivemos cartazetes; filipetas (hoje em dia, fala-se : "Flyers"...), e cartazes de rua, os chamados, "Lambe-lambe".
Foi a primeira vez que eu estive envolvido em uma produção com uma divulgação assim. Na realidade, isso não representa nada demais, mas para eu que era um principiante, fiquei a considerar-me um vencedor por ver cartazes de rua, quando andava a pé, ou com ônibus, e saber que naquele show anunciado, eu fazia parte como baixista, ou seja uma sensação juvenil e pueril. Mas, nada mau para quem três anos antes, sonhava ser artista, mas sem saber tocar uma nota musical sequer. 

O primeiro show realizou-se no dia 6 de novembro de 1979, uma quarta-feira. Teve 13 pagantes, e o Tato ficou visivelmente irritado com tal resultado pífio. No meio teatral, estava acostumado a lotar teatros, mas na música, era desconhecido praticamente, embora esse fosse o seu maior sonho, ou seja, a consolidação da carreira musical.
Acima : Os irmãos Iso & Tato Fischer, em foto bem mais atual do que o momento que relato, de 1979.

O repertório foi mesclado por canções dele, algumas de seu irmão, Iso Fischer, e alguns números com compositores famosos da MPB e até do Rock (lembro-me de "While My Guitar Gently Weeps", dos Beatles). Ele cantava bem, sem dúvida, tanto que é professor de técnica vocal até hoje em dia (2012), e dominava o palco por ter experiência como ator e diretor, mas exagerava nas performances. 
E no press-release, o Tato fez questão de grafar a palavra "Show", de uma forma aportuguesada, ao mudá-lo para "Chou", conforme também apareceu nas filipetas e nos cartazes lambe-lambe. 

Veja abaixo, a nota no jornal Folha de São Paulo, destacou esse fato :
Continua...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos - Capítulo 2 (Tato Fischer) - Por Luiz Domingues

Nesse show, realizado em uma concha acústica ao ar livre, na cidade de Cubatão, litoral de São Paulo, eu toquei também. Em uma Era pré-"Vans", o transporte típico desse tipo de produção, era a valorosa Kombi. E assim descemos a serra, no início da tarde, para chegar rapidamente à cidade de Cubatão.
Naquela época (e ainda por um bom tempo no futuro), Cubatão ostentava o vergonhoso título de cidade mais poluída do Brasil, por conta da presença das refinarias da Petrobrás, Cosipa, e outras indústrias poluidoras. De fato, o ar era pesado e a fuligem formava uma névoa cinza, praticamente. Fizemos um breve lanche em um bar, e dirigimo-nos então à Concha Acústica, onde seria realizado o show. 
Na verdade, eu já sabia todas as músicas, mas seria a despedida do baixista, Jonas Marins, e como o show foi dividido em duas partes, com um intervalo de dez minutos aproximadamente, havia um descanso. O convite surgiu naturalmente, para tocar em Cubatão. O Tato queria que eu entrosasse-me com a banda, e naturalmente queria testar-me, antes da temporada em teatros iniciar-se.
Sim, o baixista Jonas Marins sabia que eu tocaria no intervalo e que aquele seria o seu último show. A saída dele foi amistosa, e a minha participação nesse show de Cubatão foi encarada por ele, com muita naturalidade. A expectativa de minha parte foi ótima. Eu vinha de uma rotina de shows amadorísticos, seja com o Boca do Céu, seja com o embrião do que tornar-se-ia o Língua de Trapo, a seguir. Estava acostumado a tocar em condições precárias, a não ser em festivais sazonais, e sob uma estrutura melhor.


Agora, a perspectiva seria para tocar em temporadas em teatro, com P.A; iluminação; soundcheck exclusivo, divulgação... parecia um sonho para um jovem aspirante a artista / músico que eu era na ocasião...

Um esboço de música instrumental surgiu nesse improviso que fizemos no intervalo do show de Cubatão. Depois, no decorrer da turnê pelos Teatros, ela desenvolveu-se e foi arranjada definitivamente.


O Sérgio Henriques tocava muito bem. Era muito bom na pilotagem de teclados clássicos, como o piano tradicional; Fender Rhodes e órgão Farfisa nos shows do Tato.
Sentia-me a tocar no !Emerson, Lake & Palmer", com ele, Sérgio e Cido Trindade... (claro, pela minha animação, e não pelo som que fazíamos).
O Sérgio tinha uma formação em Prog Rock, bem sólida. 

Falarei mais sobre ele neste capítulo, e também bastante no do "Terra no Asfalto" (banda cover em que tocamos logo após a nossa saída da banda de apoio do Tato, e que tem capítulos exclusivos a seguir).

Mas com a minha entrada, resolvemos oficializar a música instrumental acima citada, para que a banda pudesse ter um momento exclusivo no show, enquanto o Tato trocava de roupa no camarim, visto que a entrada do segundo ato, seria "triunfal", mas faço questão de contar isso posteriormente na narrativa.
E nessa música que criamos, a inspiração foi o Prog Rock setentista. 

Ela recebeu o apelido carinhoso de : "Genesis", porque lembrava vagamente o estilo da banda britânica, e apreciávamos muito tocá-la.

Dessa forma, ao final do primeiro ato desse show em Cubatão, o Tato chamou-me ao palco, e nós tocamos esse tema, sob total improviso, e este improviso foi muito aplaudido, apesar de não ser um público rocker, ali presente, mas muito pelo contrário, bem popular e certamente a nutrir outras expectativas. Havia cerca de 600 pessoas a assistir-nos. Quebrado esse impacto inicial, senti-me apto para tocar com segurança nos shows, e os demais igualmente estavam seguros comigo no baixo.

Eufórico fiquei, porque estava agendada uma série de shows em mini temporadas por teatros de bairro, pertencentes à prefeitura de São Paulo. Nossa primeira mini temporada foi iniciada no dia 6 de novembro de 1979, no Teatro Martins Pena, no centro do bairro da Penha, zona leste de São Paulo.
Continua...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Autobiografia na Música - Trabalhos Avulsos - Capítulo 1 (Tato Fischer) - Por Luiz Domingues

Começo uma nova etapa da minha autobiografia, ao publicar as histórias dos trabalhos avulsos que realizei na música. Por atuar como side-man ou a participar de projetos de bandas que não deram certo, realizei diversos trabalhos paralelos às bandas onde atuei de forma mais contundente, no âmbito do trabalho autoral. Passo a enfocá-los aqui no meu Blog 2, para conferir continuidade ao relato. Como já ficou claro no início da narrativa, no tópico "Boca do Céu", meu início de fato na música, com instrumento, mesmo ao não saber tocar nada, foi em 1976, na formação dessa primeira banda que teve vários nomes, e quando definiu-se como "Boca do Céu", em março de 1977. Segui firme com essa banda, ao aprender a tocar um instrumento a duras penas, e só lá pela metade de 1979, quando a banda estava a diluir-se, aceitei fazer o meu primeiro trabalho paralelo. Para explicar isso, preciso recuar um pouco no tempo.


Logo que me mudei-me para o Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo, no início de 1977, tornei-me amigo de uma série de amigos de meus primos, os irmãos Turci, que já moravam lá, há bastante tempo. Eram freaks em sua maioria, muitos deles músicos e por serem mais velhos, tocavam sob um nível técnico melhor que o meu, ou o da minha banda naquele instante. Fiz amizade com vários, e logo tornaram-se companhia em shows de Rock e a realizar intercâmbio com discos e livros emprestados. Entre eles, fiquei muito amigo de um rapaz chamado, Alcides Trindade, vulgo Cidão, que era baterista e tinha uma bela coleção de vinis.

Ele tocava sob um nível mais alto, pois eu engatinhava ainda no aprendizado musical.

Sua banda desmanchou ainda em 1977, mas logo no início de 1978, conheceu uma garota que era atriz, e ele, por sua indicação entrou em um grupo teatral, para participar como músico e com direito a pequenas intervenções como ator, visto que em tese, ele não tinha essa técnica. Por volta de maio de 1978, fui assistir a montagem de "Mais Quero Um Asno Que Me Carregue, Do Que Cavalo Que Me Derrube". Na verdade, o nome certo dessa peça é : "Auto de Inês Pereira" e foi escrito pelo dramaturgo português, Gil Vicente, no século XVI. O grupo teatral chamava-se, "Vereda" e era liderado pelo diretor / ator / pianista, Tato Fischer.

A fachada do Teatro João Caetano, na zona sul de São Paulo

Assisti o espetáculo no teatro João Caetano, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo, e fiquei impressionado com a desenvoltura do Cidão Trindade, a tocar e atuar. Visto hoje em dia com a experiência que tenho agora, não foi nada demais, mas naquela época, diante de minha visão infantojuvenil, achei ótimo.


Como o Cidão (aliás, orientado pelo Tato, ele trocou o apelido aumentativo e prosaico pelo nome artístico, "Cido Trindade", doravante), enturmou-se bem com o grupo teatral Vereda, prosseguiu em cartaz com aquele espetáculo que citei. Mas o Tato tinha em mente montar um show para avançar na sua carreira musical. Como ele era cantor, pianista e compositor, começou a ensaiar seu show com o mesmo time de músicos que fez parte musical da peça, Cido incluso na bateria, e incorporou um tecladista, para que ele pudesse ficar livre no palco, apenas a cantar e interpretar as canções.


Por volta de outubro de 1979, o Cido procurou-me, e queria saber se eu aceitaria entrar nesse grupo de apoio, pois havia feito alguns shows, e os músicos da banda não estavam contentes com o baixista que estava na formação. Mas fez uma ressalva : eu teria que fazer um teste. Não ofendi-me, pois sabia que ele tinha desconfiança sobre o meu nível técnico e antes de indicar-me, queria estar seguro para não sofrer nenhum constrangimento, caso eu não correspondesse.
Marcou comigo um som na casa dele, em um dia de semana à tarde.

Ao chegar lá, tocamos por meia-hora aproximadamente. Cido puxou vários ritmos, com andamentos diferentes; viradas e dinâmicas, a testar-me. Pus-me a tocar, sem demonstrar insegurança, e a ofertar o melhor de mim, no que eu podia fornecer naquela altura. Ao final, a mostrar-se até surpreso, elogiou-me, ao dizer-me que eu havia evoluído muito, e que por ele, estava na banda, e só faltaria comunicar seu parecer ao Tato.

Fiquei muito eufórico, pois o Cido conhecera-me como um aspirante a músico, terrivelmente ruim em 1977. Em 1978, a título de improviso, Cido Trindade tocara em um show do "Bourrèbach" (o "Boca do Céu" com novo nome), e fora um desastre.

A má impressão foi inevitável naquela ocasião. Aprovado pelo Tato, comecei a ensaiar, indo à casa dele tirar as músicas de uma forma intensiva, só com ele ao piano, e ensaios com Sérgio Henriques (o tecladista do trio de apoio), e Cido Trindade.

O último show com o baixista antigo, seria realizado em 28 de outubro de 1979, na cidade de Cubatão, litoral de São Paulo.
 
Continua...

sábado, 18 de agosto de 2012

Um Rítmo - Por Julio Revoredo

Montanha russa

Malabaristas

Mau agouro

Estômago

Ridículo

Critério

Obsessão

Coragem

Combate

Voando

Outono, orgia


Julio Revoredo é colunista fixo do Blog Luiz Domingues 2. Poeta e letrista de diversas músicas que compusemos em parceria, em três bandas pelas quais eu atuei: A Chave do Sol, Sidharta e Patrulha do Espaço. Neste poema, ele criou imagens nauseantes em meio a uma montanha russa verbal.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Autobiografia na Música - Boca do Céu - Capítulo 13 - Por Luiz Domingues


Apesar desse baixo astral em ter tido contato direto com a repressão da ditadura, aquele período foi um dos mais luzidios que tive, culturalmente. Aliado à euforia de ver a minha banda em processo de crescimento (embora com a experiência adquirida de hoje em dia, é claro que eu considero as limitações artísticas que tínhamos), foi também uma época onde assisti dúzias de shows; cinema; teatro; exposições e palestras, as mais variadas. Quando não foi com o pessoal da banda, aconteceu com outros amigos ou com meus primos. Fora as inúmeras vezes em que ajudei o Laert a vender a sua revista, "Sarrumorjovem", em lugares estratégicos da cidade. Lembro-me que nesse mesmo mês em que vi os Novos Baianos no Tuca (em duas sessões), vi também uma sensacional maratona no Sesc Vila Nova, no Teatro Pixinguinha. Nessa noite, assisti artistas como : “Jorge Mautner”; “Made in Brazil”; “Bendengó”; “Papa Poluição”; “Flying Banana”, e “Hermeto Paschoal”.

Em um outro sábado, maratona de Rock no ginásio da Portuguesa de Desportos, com : “Mutantes”; “O Terço; “Made in Brazil”; “Sindicato”; “Novos Baianos”; “Joelho de Porco”...


Mas foi no final de maio, que enlouquecemos de vez. Um gigante do Rock aportava na terra tupiniquim : “Genesis”... tratou-se da tour do disco, "Wind and Wuthering", lançado em 1976, e o segundo trabalho sem o seu mítico vocalista, Peter Gabriel. Apesar da desconfiança inicial em torno do fato do baterista, Phil Collins, ter assumido o vocal solo da banda, essa continuidade do Genesis pós-Gabriel estava aprovada, pois o Collins deu conta do recado, pelo que apuramos ao ouvir os dois discos recém lançados. E nessa fase, a orientação da banda ainda era pelo Prog Rock que consagrara-a. Perdeu-se com a falta da teatralização toda, marca registrada do Peter Gabriel, mas o Collins revelou-se não só um excelente vocalista, mas também um frontman desinibido e muito carismático. 
Eu; Osvaldo Vicino e Laert Sarrumor fomos ao Ginásio do Ibirapuera na noite do dia 20 de maio de 1977. Já havia assistido o show de Rick Wakeman, em 1975, mas o Genesis foi demais. Ouvir "Supper's Ready", ao vivo, no alto de seus gloriosos vinte e três minutos de duração, foi um “desbunde”. Quando chegou naquele trecho em que canta-se, "Flower", duas flores infláveis imensas surgiram nas laterais do palco. E "desbundes" assim, só davam-me mais ânimo para sonhar com o Boca do Céu a ascender...

Lembro-me que apesar do frio de rachar, fui trajado a ostentar orgulhosamente uma camiseta que o Laert desenhara para mim, manualmente, com a capa do LP "Rising", do “Rainbow”. Assistimos na arquibancada, como pobres mortais, mas víamos na ala vip, Rita Lee e membros do Tutti-Frutti, o Jet Set do Rock Brasuca... outra lembrança incrível : foi o primeiro show de Rock no Brasil com um artista internacional a usar raio laser, como efeito especial. 


Nesse vídeo acima, um trecho filmado através de uma velha filmadora "Super-8", a conter uma música do show do Genesis no Ibirapuera

Esse é o link para assistir no You Tube :

E acima, o áudio do show de 21 de maio de 1977, no Ginásio do Ibirapuera de São Paulo, que um abnegado fã gravou e com boa qualidade. Bem simpático a postura do Phill Collins, a  esforçar-se para falar em português com o publico ali presente e a constatação que a banda vivia grande fase, com o som redondo, apesar dos ventos serem tenebrosos para o Rock Progressivo em 1977, mas aqui no Brasil nós nem percebíamos isso, naquele momento... ainda bem...

O link para ouvir esse show do Genesis em São Paulo, na íntegra :
https://www.youtube.com/watch?v=HfiWwN7TRPo 

Quando os raios laser foram acionados, o público teve uma reação de “Jeca Tatu”, ao soltar em uníssono um grito com a interjeição, "OOOOHHH", que foi engraçado, por exacerbar o nosso terceiro-mundismo envolto no atraso...


A banda só cometeu uma falha, mas na verdade quem errou feio o público brazuca, com seu fanatismo despropositado. Quando voltaram para o bis, estavam todos a usar camisetas do Santos FC. O raciocínio dos britânicos deve ter sido : qual é o time do Pelé ? Deve ser o mais popular, certamente... não contavam com a reação de repulsa dos corintianos; palmeirenses, e sãopaulinos na plateia...



Uma vaia mastodôntica deixou-os atordoados e rapidamente voltaram ao camarim para retornar então com as camisas amarelas da seleção brasileira... mais um atestado de “caipirice” que assinamos... mas alheios às nossas reações prosaicas, foi um grande show deles !
Continua...