terça-feira, 10 de abril de 2012

Autobiografia na Música: Uma Explicação Inicial - Por Luiz Domingues

Eu, Luiz Domingues, em 2011, época que em que começara a redigir o texto autobiográfico. Show d'Os Kurandeiros. Foto: Natália Eidt

Este Blog foi aberto com vários objetivos. Em primeiro lugar, dou vazão para meus textos alternativos e não publicados em meu Blog número 1. Também abro espaço para colaborações sazonais ou fixas da parte de colunistas convidados meus, que destacam-se na atividade literária sob várias vertentes e também publico na íntegra, o texto do meu livro: "Quatro Décadas de Rock", no formato em micro capítulos, que vem a ser minha autobiografia da carreira musical, a compreender minha vivência entre abril de 1976 e abril de 2016, com evidente espaço aberto para atualizações a motivarem outros livros complementares. 


Sobre o texto do meu livro, cabe explicação: durante muitos anos, vários amigos meus incentivaram-me a escrever minha autobiografia na música. Iniciei minha carreira em 1976, já passei por várias bandas, e tenho uma infinidade de histórias acumuladas para contar, certamente. E quem conhece-me pessoalmente, sabe que tenho uma boa memória, portanto, admirados por notarem que eu lembrava-me de detalhes remotos nas reminiscências que eu contava em animadas rodas de conversa, sempre ouvia alguém a dizer-me que eu deveria registrar essa memória de forma oficial, em princípio do jeito tradicional, redigido no papel, no formato de um livro.
 
Por outro lado, eu considerei também que biografias de pessoas comprovadamente famosas tem seu apelo natural em termos de popularidade a outorgar-lhes respaldo suficiente para tal e que apesar de eu ter consciência que tenho admiradores dos trabalhos que já realizei com diversas bandas por onde passei como membro, ainda assim, aos olhos do grande público, sou um completo desconhecido, pois nunca fui um artista que transitei pelo patamar "mainstream" da música, apesar de ter chegado perto disso em alguns momentos da carreira. 
 
Sendo assim, o simples fato de demonstrar a intenção de escrever as minhas memórias, e por não ser suficientemente famoso aos olhos da grande massa, poderia ser objeto de duras críticas, quiçá escárnio, a interpretar tal iniciativa como um arroubo de presunção de minha parte.
Foto promocional individual minha, Luiz Domingues, na ocasião a atuar com A Chave do Sol, em maio de 1983. Foto: Seiji Ogawa
 

Ao ponderar os prós e os contras, cheguei a conclusão de que opinião pública a parte, os fãs dos trabalhos que eu cito, mereciam tal relato materializado e ao ir além, muitas histórias contadas não poderiam ficar circunscritas às meras rodinhas de conversas fortuitas da parte de poucas pessoas à minha volta, mas que deveriam ser contadas, sim. 
 
Mesmo por que, é também uma forma de reconhecimento para os companheiros de jornada e para enaltecer tanta gente talentosa que eu conheci nessa estrada. Muitos deles não tiveram o respaldo que mereciam, inclusive alguns que já deixaram-nos, portanto, tal documento em forma de testemunho do que vi e ouvi de sua arte desconhecida do grande público, reveste-se como uma grande homenagem e uma fonte de pesquisa para quem interessar-se em conhecer as camadas mais obscuras da história do Rock brasileiro e que por conseguinte, nunca são citadas na grande mídia e em alguns casos, nem na especializada e/ou alternativa.
 
Portanto, claro que sinto-me orgulhoso por este livro ter essa missão também.
Still da quinta aparição da Chave do Sol no programa "A Fábrica do Som", da TV Cultura de São Paulo, filmado no dia 26 e exibido na TV em 30 de junho de 1984. Eu, Luiz Domingues, prestes a fazer o lançamento literal do primeiro disco dessa banda...  

Outro aspecto que eu levei em consideração foi o fato de eu não fazer o tipo padrão, versado pela máxima: “Sexo; Drogas & Rock’n' Roll”, mote de dez a cada dez biografias de Rockers, dos mega famosos aos intermediários e pequenos.
 
De fato, não tenho uma personalidade moldada nesses parâmetros e assim, não espere deste relato, histórias baseadas decisivamente sobre os clichês do gênero. Contei o que vi e vivi entre abril de 1976 e abril de 2016, algumas vezes a tratar de fatos que esbarraram em questões dessas características assim, mas longe da visão estereotipada de outros Rockers biografados ou autobiografados.
 
Mais uma questão e a ter a ver com isso, eu deixei de contar muitas histórias que causariam constrangimentos a terceiros, sobre fatos que presenciei, exatamente para não prejudicar a imagem de ninguém. 
 
Este livro não tem nenhuma intenção sensacionalista e jamais usaria dessa prerrogativa para chamar a atenção, ao expor quem quer que seja. Contém, sim, alguns fatos desagradáveis ou histórias mais picantes em alguns momentos, que foram contados, mas só por serem imprescindíveis à compreensão de certas passagens e que se eu não as mencionasse, a história ficaria confusa ao leitor. 
 
E toda vez que eu errei e magoei alguém, aproveitei para fazer a minha "mea culpa", a desculpar-me. É uma história a conter erros & acertos, busca de sonhos e ideais, momentos bons e ruins. Pedido de desculpas quando errei, e muita análise cultural e de contexto histórico que eu pude absorver nessas quatro décadas. 
 
Foram obras feitas com carinho e para orgulhar-me. E também muita gratidão por ter tido a ajuda de gente valorosa e amorosa ao meu redor, além de muitos que nem interagiram diretamente, mas dos quais sou grato pela ajuda a distância. 
Luiz Domingues com o Pitbulls on Crack ao vivo em 1994. Foto : Marcelo Rossi
 

Sobre como começou a determinação para escrever, eu demorei muito tempo para aderir à informática (2010) e a dar passos lentos nesse sentido, tive o incentivo de amigos abnegados nessa empreitada, quando passei a escrever, enfim, as minhas memórias, através de uma comunidade que o amigo Luiz Francisco Albano, criou em minha homenagem na extinta rede social Orkut, denominada: "Luiz Domingues". 
 
Outro grande amigo, o Mário Figueiredo Filho, popular, Marinho "Rocker", abriu diversos tópicos, com cada um a focar em uma banda em que toquei durante a minha trajetória e com tal facilidade, eu pude começar a escrever o texto bruto em cada tópico criado, a relatar a história com vários pontos da minha cronologia pessoal, simultaneamente.
 
Outros amigos tais como: Marcos Romano, Milton Medusa, Glauco Teixeira, Marco Turci (este que que é meu primo e foi testemunha ocular do processo todo, a acompanhar de perto), Aless Scaranto e Ricardo Aszmann, também interagiram bastante com perguntas e observações em tais tópicos e sem esquecer-me de mencionar a figura do Dr. Nelson Maia Netto, bem antes disso, e que por volta de 2004, incentivou-me ao dizer-me de forma enfática: -“escreva rápido as suas memórias, homem”, e desde então, meados de 2011, pus-me a desenvolver este texto, com eventuais observações abertas por membros da dita comunidade, além de perguntas, naturalmente, e que certamente auxiliaram-me no esforço de memória. Assim foi o início deste relato.
Luiz Domingues em ação com a Patrulha do Espaço, por volta de 2001. Click de Ana Fuccia
 

Sobre a minha atuação na Internet, desde que aderi ao mundo virtual com a criação de textos (não necessariamente a abordar música, aliás), no meu Blog número um (Blog do Luiz Domingues, criado gentilmente pelo meu amigo, Juma Durski, em janeiro de 2012), tenho reunido toda a produção de textos que escrevo para diversos Blogs de amigos. Sou colaborador dos Blogs: Blog Planet Polêmica, Blog Limonada Hippie e da revista impressa, Gatos & Alfaces.
 
Além de já ter colaborado também com os Blogs: Rádio Blog do Juma, Blog Pedro da Veiga, Blog Futebol Apaixonante, Blog Psychedelic Girl, Rádio/Blog KFK, Blog Sou Bicho do Paraná, Blog Jukebox, Site/Blog Orra Meu, Blog Olhar Poético, Blog Rock Imortal e Revista Eletrônica Cinema Paradiso, além da revista impressa, Bass Player.
 
E dentro deste conceito, eu comecei a publicar o texto da minha autobiografia, que estava a ser escrita no Orkut, nessa plataforma, também.
 
Antes de começar, eu devo alertar que precisei fazer algumas adaptações, pois no Orkut, eu postava como membro da comunidade, e ficava ali disponível, um livro em produção aberta, com interatividade total dos outros membros, na base de perguntas e respostas. No meu Blog número dois, para obter inteligibilidade, eu tive que forçosamente efetuar algumas adaptações. Eventuais observações e/ou perguntas foram respondidas diretamente no fórum de comentários, a seguir o espírito do formato "Blog". 

Neste meu Blog 2, o texto está formatado em micro capítulos, a tornar a leitura mais rápida, como se fossem pequenas crônicas. Cada capítulo é numerado e segue a cronologia de uma banda por onde atuei, portanto, o leitor encontra aqui histórias a serem contadas simultaneamente, mas a enfocar fases diferentes da cronologia.
 
Outro aspecto a ser alertado, é que os capítulos da minha autobiografia intercalam-se com textos alternativos meus, tais como crônicas e resenhas variadas, além dos textos de diversos convidados meus, escritores e poetas, alguns na qualidade de colunistas fixos, outros, como colaboradores sazonais.
 
No arquivo aqui disponível, desde que este Blog foi fundado em abril de 2012, até o início de 2016, o texto bruto que compõe o primeiro livro impresso, está disponível e novos capítulos com atualizações pós abril de 2016 serão acrescentados e já farão parte de um eventual segundo livro, complementar.
 
Para efeito de organização geral, informo ao leitor que existem aqui as seguintes narrativas do livro impresso, "Quatro Décadas de Rock":

Explicação inicial da autobiografia no Blog Luiz Domingues 2 (arquivo do Blog: abril de 2012)

Prefácio - Minha Ligação com o Rock na infância e Adolescência (arquivo do Blog: abril de 2012)

Boca do Céu (incluso Bourrébach) - 58 capítulos (arquivo do Blog: entre abril de 2012 e abril de 2013)

Língua de Trapo - 140 capítulos (arquivo do Blog: entre setembro de 2012 e novembro de 2013)

Trabalhos Avulsos (trabalhos realizados fora das bandas oficiais onde fui membro) - 84 capítulos (arquivo do Blog: entre agosto de 2012 e julho de 2016)

Terra no Asfalto - 68 capítulos (arquivo do Blog: entre outubro de 2012 e dezembro de 2013)

A Chave do Sol - 399 capítulos ( arquivo do Blog: entre junho de 2013 e julho de 2015)

Sala de Aulas (período em que ministrei aulas) - 95 capítulos (arquivo do Blog: entre agosto de 2013 e julho de 2015)

A Chave/The Key - 38 capítulos (arquivo do Blog: entre julho de 2015 e agosto de 2015)  

Pitbulls on Crack - 117 capítulos (arquivo do Blog: entre agosto de 2013 e julho de 2015)

Sidharta - 38 capítulos (arquivo do Blog: entre dezembro de 2013 e junho de 2015)

Patrulha do Espaço - 307 capítulos (arquivo do Blog: entre dezembro de 2013 e dezembro de 2015)

Pedra - 184 capítulos (arquivo do Blog: entre dezembro de 2013 e janeiro de 2016)

Kim Kehl & Os Kurandeiros - 48 capítulos (entre fevereiro de 2014 e fevereiro de 2016) * História em aberto, a aguardar atualizações

Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - 39 capítulos (Entre agosto de 2014 e maio de 2016) * História em aberto, a aguardar atualizações

Magnólia Blues Band - 29 capítulos (entre agosto de 2014 e maio de 2016) 
                  Com o Pedra em 2013. Foto: Grace Lagôa
 
Para quem desejar ler no formato igual ao de um livro impresso, eu resolvi abrir um Blog 3, para abrigar o texto, além de conter também a postagem de todo o material auditivo e visual possível, ao armazenar tudo o que eu puder arregimentar sobre toda a carreira. Eis abaixo o link:
 
http://luizdomingues3.blogspot.com.br/
 
Agradeço a todos os leitores que já acompanhavam a fase inicial da criação desta narrativa, na extinta Rede Social Orkut, a qual considero o rascunho básico da autobiografia.
 
E também aos que irão acompanhar através do formato de micro capítulos no meu Blog 2. E boa leitura também para quem preferir ler no meu Blog 3 ou pelo tradicional livro impresso. 
 
Aproveito para agradecer também aos companheiros de jornada que auxiliaram-me com dicas a visar efetuarem-se correções pontuais, quando a minha memória falhou ou esteve equivocada em alguma interpretação e/ou menção a fatos, datas e pessoas. 
 
Destaco Laert Sarrumor, Osvaldo Vicino e Fran Sérpico (este último, agradeço por digitalizar o super-8 de 1977), e que muitas vezes auxiliaram-me com dados sobre o Boca do Céu, e no caso do Laert, também com o Língua de Trapo.
 
Chris Skepis e Jason Machado, que forneceram-me dados importantes sobre o Pitbulls on Crack.
 
Rubens Gióia, José Luiz Dinola e Beto Cruz por conta d'A Chave do Sol, e no caso do Beto, também pela A Chave/The Key.
 
Rodrigo Hid ajudou bastante no caso do Sidharta, Patrulha do Espaço e Pedra. 
 
Aru Junior deu-me dicas valiosas sobre o Terra no Asfalto.
 
Adelaide Giantomaso com dicas sobre o Boca do Céu. E o poeta Julio Revoredo também ajudou-me bastante sobre todo o período que acompanha-me como amigo e atua como parceiro e colaborador direto de muitas bandas por onde passei.
 
Emmanuel Barreto, meu primo, também colaborou com apoio através de seu site cultural, Orra Meu, a resgatar material raro das bandas pelas quais eu atuei. 
 
Por fim, agradeço muito à produtora cultural, Jani Santana Morales, que empreendeu esforços significativos para enriquecer a autobiografia nos meus Blogs da Internet, ao resgatar inúmeros vídeos e material de áudio, raros, e que prontamente anexei ao material virtual. 
Especial de rádio ao vivo com Os Kurandeiros, em outubro de 2015. Foto: Lara Pap
 
Sobre o livro impresso, agradeço inicialmente a Cesar Benatti, que gentil e entusiasmadamente engajou-se no projeto, a providenciar toda a parte técnica da formatação, a englobar diagramação e lay-out geral da parte gráfica, incluso a arte da capa. Sergio Rocha, que também participou com grande empolgação do processo técnico da formatação/diagramação e apoio Rocker como adendo, incluso, além da elaboração do formato "E-Book". Carlota Carlotinha pela revisão gramatical e ortográfica (a referir-me ao livro impresso tradicional e no formato "E-Book"), portanto, o meu muito obrigado, igualmente.

 
Bem-vindo à minha autobiografia na música, versão em micro capítulos especialmente para este meu Blog 2, pela qual acumulei muitas histórias, algumas engraçadas, outras tristes. Mas no cômputo geral, quero crer que deixo ao leitor, a certeza de que busquei o meu sonho primordial desde o início, e não esmoreci, mesmo diante das adversidades.
 
Portanto, quero passar essa mensagem subliminar: não desista do seu sonho, mesmo que digam-te que você é um louco, por considerar-se um cavaleiro a fincar lanças em moinhos de vento, a imaginar ser este, um dragão mitológico, pois patéticos são eles, que não enxergam o lúdico por trás da capacidade para mover-se por um ideal...
Eu, Luiz Domingues, em 1976, quando iniciei a minha aventura Rocker... Foto: acervo familiar
 
Fecho os olhos e começo a sonhar. Transporto-me a um lugar onde é o suficiente para fazer todo o sentido.
Ah se você soubesse... esse lugar é o do consenso geral, o lugar da grande revirada, sob astrais altíssimos. Lugar onde os mestres ensinam os seus pupilos com carinho, a voar pelo desconhecido onde não há tempo e nem espaço. Onde as notas musicais e as cores significam a mesma coisa. Onde tudo faz sentido por uma linguagem única, e que todos entendem. Mais que isso, sentem-na e isso é terra no asfalto a sedimentar a labuta inicial. Quando o humor que faz pensar leva-nos ao Instante de Ser, onde deve ser bom ter um amor à vista. Certamente perto das dezoito horas acha-se uma luz, que em um minuto além reverte-se na certeza de que a chave é o show. Hora de ensinar o que já aprendi aos mais jovens... dúvidas, perguntas ? É um paraíso paralelo onde as noites ficam sob a luz do luar e não preocupe-se, pois a secretária eletrônica anotará os recados que a tripulação da nave ave trouxer dessa terra de mutantes, plena de vontade para fazer a retomada. Hora de voar pelo céu elétrico, pois tudo vai mudar e este ser, um certo Senhor Barinsky, não é um homem carbono, mas sim alguém que buscou as sendas astrais, descortinou o véu do amanhã, pulou de um trampolim e mergulhou no pote de Pokst... vai escutando... porque sou mais feliz e assim, minhas projeções são em estar longe do chão, num mundo abstrato concreto, onde o que importa é a luz da nova canção. Aqui não tem problemas, ao contrário, eu vi um anjo acabar de passar a anunciar que a festa dura a noite inteira. Tenho planos audaciosos, fui convidado a jogar uma partida de xadrez cósmico, talvez um boliche sideral. Ouço os blues das raízes a chamar-me, eu tenho meu trabalho, mojo... faz frio, mas tenho o fogo primordial sempre comigo. A linguagem é uma só lembra-se ? Esse fogo não apaga-se nunca... assim é o Rock. 

Bem vindo ao Blog Luiz Domingues 2, onde eu tenho a minha autobiografia na música registrada em micro capítulos, muitos textos meus com variados teores e de diversos convidados munidos com um alto gabarito literário.

Seja Feliz!
Luiz Domingues com os Kurandeiros em 2016. Foto: Juja Kehl

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